7 de fevereiro de 2010

O outro lado do espelho - 1

Carolina estava em seu quarto, distraída ela brincava de roda cantarolando como se fosse uma criança: Dominique, nique, nique, sempre alegre a esperar, alguém que se possa amar... O seu príncipe encantado, seu eterno namorado...
De repente ela pára e olha para suas mãos que estão enfaixadas até os pulsos. Então começa a conversar com uma platéia imaginária: Minhas mãos já não existem mais... E a maldade que havia nelas acabou.
Olha para baixo e ri: Mas eu ainda tenho pés, e como é bom poder usá-los para dançar. Começa a cantar e dançar novamente. ... Alguém que se possa amar... Pára novamente. Mas eu já tenho alguém, eu amo Rodrigo... e eu preciso das minhas mãos, elas são boas eu sei. As outras podem não ser mas as minhas são e eu não mereço este castigo. Eu só queria poder ter o rosto de Rodrigo entre minhas mãos novamente, e correr os dedos pelos seus cabelos, e talvez me inclinar para receber seu beijo.
Faz os gestos beijando um Rodrigo invisível... De repente começa a ouvir risadas pelo quarto.
Quem está rindo de mim, onde vocês estão... Anda pelo quarto procurando de onde vem as risadas, depois ela diz baixo quase chorando. Parem... por favor! Eu só queria ser feliz, por acaso é algum crime ser feliz? Além disso você me disse, não disse Rodrigo?... Você disse que se casaria comigo e me faria feliz.
Se recosta em um canto do quarto toda encolhida. Eu sei que as pessoas mentem, mas o Rodrigo não mentiria para mim. Ele é diferente, meigo, confiável... Ele vai sim se casar comigo e seremos felizes para sempre. Imita a entrada na igreja ouvindo a marcha nupcial.

Continua...
 

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