14 de março de 2010

O outro lado do espelho - 4

Carolina anda de um lado para outro. A culpa é do Rodrigo, dele e da Valerie! Os dois querem me deixar louca, querem me destruir... Mas eles não irão conseguir, ninguém vai!...
Anda em direção ao espelho e pára. — A saída só pode ser... Isso mesmo, o espelho! Mas eu não consigo... Tem algo mais forte me prendendo. (Grita para dentro do espelho) Alguém me ajude! Eu não posso ficar aqui, eu tenho que ir ao meu casamento.
Anda pelo quarto procurando alguma coisa para quebrar o espelho. — Espelho maldito!... Eu não posso, não consigo... Augusto, onde você está? Não me abandone, por favor...
Sabe, eu queria poder viver sempre num sonho bom, passear nele em um grande bosque florido, com os pés descalços. Esse bosque seria um lugar lindo onde não haveria dor, nem morte e nem traição. Ou então sonhar que sou um pássaro e voar para bem longe, mas eu não consigo. Sempre que fecho os olhos eu vejo uma sombra... que fica me rondando mas quando me aproximo para poder ver seu rosto ela foge de mim. Essa sombra me incomoda, sempre me vigiando... É ela quem controla meus sonhos e toda vez que tento ver seu rosto ela me tortura com pesadelos horríveis... De repente me vejo sozinha em um lugar escuro e então o chão começa a afundar e me engolir... Eu luto tentando sair de lá mas vou afundando cada vez mais e mais e aquela sombra lá, me observando... Quando estou completamente imersa na terra eu acordo, mas, acordo em outro pesadelo, Eu estou em um corredor longo e no fim dele eu vejo uma luz fraca... Eu começo a andar em sua direção, mas, quanto mais eu ando mais a luz se afasta de mim, então eu corro, corro e a luz se afasta ainda mais... Por isso eu tenho medo de adormecer e ser punida. Mas agora não, agora eu sei que estou acordada.
Mas mesmo assim eu sinto a sombra me vigiando, em algum lugar...
Será que o Rodrigo está certo e eu esteja mesmo louca? Não, sinto me não é verdade! E preciso sair daqui... Só que não sei como.
Carolina fica novamente agitada e anda até o espelho novamente.
— Augusto, venha me tirar daqui!
Nada, esse espelho não deve ser a saída. A única coisa que ele faz é refletir essa imagem patética de uma pessoa que eu não sei quem é. Isso mesmo, pois não pode ser a minha, não existe nessa imagem o amor que eu sinto por Augusto, por tanto não pode ser a minha. Valerie deve estar mentindo para mim. Se ao menos eu soubesse como vim parar aqui... mas eu não me lembro, as coisas estão confusas na minha cabeça. E me lembro que o Rodrigo entrou no meu quarto...
Carolina se arruma em frente ao espelho.
Continua...

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