16 de agosto de 2010

O outro lado do espelho - final

– Não é você? Esse homem não é você, Augusto? – Carolina pergunta aflita.
– Não, eu sou uma pessoa comum que um dia sonhou demais e levou seu sonho até as últimas consequências, foi assim que vim parar nesse mundo.
– E o que aconteceu com o outro Augusto?
– Troquei de lugar com ele. Agora sou o que você está vendo.
– Mas você ainda pode voltar, não pode?
– Não me interessa mais voltar. Mas seu tempo ainda não acabou. Não deixe que sua vida seja igual a minha. – Lhe entrega o livro.
Carolina apanha o livro de suas mãos. – Você está me pedindo para voltar Augusto?
– Sim, você deve viver sua verdadeira vida. Ser você mesma, acreditar em sua força. Deve haver alguém esperando por você.
Carolina olha para Valerie e Rodrigo que saem. – Na verdade eu acho que não existe mais ninguém para mim lá fora.
Augusto faz um sinal para as duas mulheres saírem e elas obedecem.
Depois olha para Carolina e diz: – Pelo pouco de humano que ainda resta em mim eu lhe peço que volte. Não faça como eu que optei pela saída mais fácil.
– Não sei se quero voltar Augusto...
– Você não merece viver nesse mundo. Você realmente merece ser feliz.
– Mas não consigo voltar para lá.
– É que você não está querendo deixar para trás o que está lhe prendendo aqui.
– E o que é? O que está me prendendo aqui?
– Seu passado. Ele está impedindo sua partida.
– E como posso ir embora, isto é, se eu decidir ir.
– Já não posso lhe dizer mais nada A não ser adeus e boa sorte. – Augusto sai.
Carolina fica sozinha. – Agora vejo que a vida que estava vivendo não era a minha. Os sentimentos eram emprestados, os gestos eram falsos, tudo era uma cópia, Valerie estava certa, eu tenho medo de minha vida, por isso eu a ignorava. Aquela figura no espelho era realmente a Carolina, era a pessoa que eu jurava conhecer, mas agora sinto que não sei quem é! E agora é preciso aceitar a realidade e refazer minha vida do inicio, para que a verdadeira Carolina possa nascer e transformar o sonho em realidade, ser feliz, finalmente. O Augusto... que pena... terei de esquecê-lo, terei de deixá-lo enterrado com todo o meu passado de ilusões. Eu sei que não haverá lugar para nós no outro lado. Não haverá mais lembranças, nada... Minha vida recomeçará e assim terei outra chance de ser feliz. Lá fora está uma vida que não conheço e que terei de vivê-la dia a dia, e já é chagada a hora, a decisão, o momento de deixar a outra Carolina para trás e de fazer a passagem para o desconhecido, para o mundo que ainda precisa ser descoberto e realmente ser eu mesma.
Carolina vai até o espelho e começa a atravessá-lo, mas, pára como que segura por uma força que tenta puxá-la de volta. Ela larga o livro que tem nas mãos e vai embora.

FIM
 

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